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segunda-feira, janeiro 23, 2012

Qualquer coisa que sair...pra tirar a sujeira do cano..

- Alô?
- Alô...
- Quem fala?
- Jacir.
- É da casa do Jacemir?
- Com quem eu to falando?
- Gostaria de falar com o Jacemir é da casa dele?
- Mas quem é que ta falando?
- Moço eu preciso falar com o Jacemir.... É da casa dele?
- Desculpa, mas você quem me ligou, então você precisa se identificar primeiro!
- Nossa! Mais por que isso?
- Claro... Por segurança, e eu sou moça não moço!
- Tá certo, desculpe então.
- Ok.
... 10 segundos ...
- Alo?
- Então... A senhora podia chamar o Jacemir?
- Mais quem ta falando?
- Ah sim claro... Sou eu o José Carlos!
- Tá.... Mas que José Carlos?
... 20 segundos ...
- Alô?
- Esculta aqui seu filho da puta, num quero saber se tu é homem ou mulher vai chamar esse porra desse Jacemir que o assunto é do interesse dele e não meu!
- Aqui não mora nenhum Jacemir, num seria Jacir?
- O lha minha senhora, eu não sei...
- Então tá...
- "Tá" o que?
- Eu tambem não sei.
- Posso adiantar o assunto pra senhora?
- Acho que sim...
- Mas a senhora ou alguem dessa casa trabalha no banco do brasil?
- Ai João... Por que você precisa saber disso?
- A vai se fuder...
- Crédo!

Porque gosto de ouvir a opnião do Milton...

Me deu uma puta de uma vontade de voltar a escrever...
Mas se antes meus "únicos" problemas eram os estupidos erros gramaticais e os constrangedores erros ortográficos agora me falta tambem a criatividade.
Ou seja, sou o analfabeto funcional de sempre só que agora numa versão mais velha e desinteressante, se é que existe essa ultima possibilidade.
Por que quero escrever então?
Hoje reli todos, ou quase todos, os textos desse blog, então percebi que quase ninguem tinha feito isso, mas relendo, relembrei o que sentia naqueles tempos. Isso da prazer, prazer de memória, coisa escrota de se sentir, eu sei, principalmente quando a memória nem é tão boa.
E é claro que devo admitir que fiquei realmente satisfeito com a qualidade de alguns dos textos, não pela gramática ou pela ortográfia, mas pela criatividade e inteligência dos argumentos.
Ainda assim é frustrante quase ninguém ter lido, mesmo tendo uma certa vergonha dos textos por todos os motivos listados até aqui e por varios outros, o ego é uma coisa cretina!
Sendo assim poderia apagar o blog e continuar escrevendo offline, mas decidi que gosto de ler os comentários do Milton, que é com certeza quem mais comentou nesse blog, e das outras poucas pessoas que passaram por aqui, sendo assim vou tentar continuar.
Vinha a mais de um ano tentando escrever um livro, e achei que com esse periodo sem trabalhar ia conseguir finalizar... Mas ta dificil....


Sendo assim agradeço mais uma vez ao Milton, e a TODOS ( :) ) os outros: Grivol, Anonimos ofensivos, Gabrielle, Aline e outros que eu não lembro.

terça-feira, agosto 09, 2011

Procrastinação

"Procrastinei!" Esse seria o meu epitáfio perfeito, mas talvez sem o ponto de exclamação ficasse mais coerente...

Alias, vou terminar o texto assim que tiver mais animo...



quinta-feira, julho 02, 2009

Sincera

Desculpa por não ter conseguido fazer melhor, desculpa o meu mau jeito e desculpa também o meu jeito mal, me desculpa por ser cada vez pior. Sério, me desculpa, mas não consigo parar, desculpa, só sei dizer isso, tudo o que faço é pedir que tirem de mim a culpa que ainda não é minha, ainda.
A culpa que não existe, ainda.
Desculpa essa minha mania de inferioridade, desculpa a minha covardia. Perdoa minha agonia, minha ansiedade, e, por favor, me desculpa, mesmo, de verdade, pela insistência nessa vontade.
Desculpa mas não tenho coragem para contar minha história, desculpa por mentir sempre, desculpa, mas minto mesmo quando falo a verdade.
Desculpa por ser repetitivo, desculpa, mas sinceramente não sito culpa. Peço que entenda, mas só quero o sono noturno. Desculpa meu irmão, mas chegarei atrasado.
Desculpa mas é que eu não gosto de você, gosto mesmo é de achar que você me gosta, mas me perdoa por não acreditar nisso.
Desculpa meu ódio e minha falta de compaixão, desculpa o meu pai.
Desculpa Senhor, desculpa nossa fraqueza, me desculpa pela frieza, a todos, aviso, não sinto mais medo, não sinto mais tristeza, não sinto nenhuma alegria.
Apenas sinto muito, sinto pelo incomodo. Peço sinceras desculpas e permaneço sozinho, lutando com minha fraqueza.
Maia

quarta-feira, abril 08, 2009

O Homem (Sabado)

Nasceu numa manhã chuvosa de segunda, casou-se ao por do sol de uma tarde de terça com o maior amor de sua vida, Nas primeiras horas de quinta se viu pai pela primeira vez, anos depois numa quarta-feira se viu traido.
Sexta-feira de maio, já com certa idade reviu ex-esposa e ex-filhos, havia fugido deles de toda a descepção sentida e causada, mas agora retornava . No domingo de festa o homem morreu, satisfeito e sozinho, em carne e espirito apodreceu.
Em sua vida machucou-se e foi machudo pois amou e foi amado, mas por culpa da infinita fraqueza humana traiu e foi traido, mentiu e foi mentira.

Maia.

Relatos

13 de março de 2009 - 7:30 AM - A apenas cinco horas ele havia dormido, ao se levantar checou a temperatura do computador, com as luzes que indicavam funcionamento queimadas essa era a única forma de ter certeza se ele estava ligado, o som do exaustor da maquina não era de grande ajuda, o ventilador do quarto estava ligado.
Era sábado, sozinho no quarto e na casa sentou-se na cama e lembrou da noite anterior, não dos fatos importantes ou das conversas que teve, forçou-se apenas a lembrar dos últimos pensamentos que havia tido antes da escuridão do quarto entrar pelas frestas de seus olhos enegrecendo sua consciência. Esse exercício diário já vinha se repetindo a dois ou três meses, fazia isso todas as manhãs, era um exercício mental que segundo um artigo reforçava a capacidade intelectual do praticante.
Levantou-se, decidiu ficar nu, estava sozinho, seu quarto ficava na parte superior da casa juntamente com os outros quartos da família, entre seu quarto e a escada havia uma sala de estar, o vidro da janela sem persianas fazia sua nudez perceptível, ainda que a considerável distancia, a um eventual transeunte, não se importou.
Ele nunca foi desinibido, excesso de pudor e de preocupação com a opinião alheia nunca lhe faltaram, não havia ocorrido na sua vida recente nenhum fato que o tivesse feito mudar, eram 7:50 AM.

18 de novembro de 2006 – 6:30 AM - A luz do quarto se acende, na cama seus olhos vêem sua mãe entrar, seu corpo se ergue rapidamente, boceja, pega o copo de leite e agradece. Enquanto sua mãe vai até a frente da casa recolher o jornal ele vira o copo, quando ela volta, ele lhe entrega e agradece novamente deitando-se, ela então diz:
- Não vai atrasar hein...
- O celular toca antes das sete horas fica “sussa”.
A porta fecha, a escuridão é rala a luz teima em entrar pelos cantos da janela, ele não dorme. Passa vinte e dois minutos pensando que não tem tempo suficiente para dormir, desejando poder dormir mais, como seria bom não trabalhar, pensa que é besteira pensar essas coisas, e então não pensa nada mais.

18 de novembro de 2006 – 7:00 AM - A porta de madeira ruim esta fechada, bem no fundo é possível escutar o toque imbecil de um celular, alguns minutos e a porta se abre, através dela ele surge se arrastando até o banheiro, escova os dentes lava o rosto, se encara no espelho tenta arrumar o cabelo, enquanto isso lá fora o jornal esta sobre a mesa da cozinha, sua mãe voltou para cama, à descarga ecoa incomodamente pela casa a porta se abre ele senta na cozinha folheando o jornal no pior dos cadernos, olha uns minutos levanta bebe água, ele bebe muita água, e sai arrastando seu corpo pesado de sono até o serviço.

18 de novembro de 2006 – 7-30 AM -
Existe algo no ponto de ônibus que o incomoda, todos ali são mulheres, homens bem mais velhos que ele, ou ainda guardinhas, não existem outros caras como ele ali, onde essa gente está?

18 de novembro de 2006 – 8:04 AM - Como sempre ele chega quatro minutos atrasado no trabalho. Cumprimenta as pessoas, é sempre assim quando ele chega existe sempre a quase obrigação de saldar a todos, talvez por ser o ultimo a chegar, mas quando chegam depois dele esse peso recai sobre ele novamente, é algo estranho é como se fosse uma inferioridade social que ele não consegue vencer, o problema é causado por uma falha no processo de percepção enquanto ele olha para um rosto, ele sempre olha por um segundo a mais que o normal, talvez por isso as pessoas esperam que ele fale alguma coisa, mas quando ele é flagrado por essa expectativa acaba ficando confuso e se enrolando em um cumprimento quase símio.
Ele não tem grandes amigos no trabalho, ele é um novato lá, isso não lhe incomoda, as pessoas de lá são agradáveis em sua maioria, talvez por serem quase todas elas mulheres. É sempre melhor estar com mulheres, essa é sua opinião, não que ele seja afeminado, alias. Ele deseja todas as mulheres dali com idade próxima a sua, não é que ele seja algum tarado, é que todo homem é assim, pelo menos os que ele conhece, nesse ponto ele se acha normal.
A única coisa que o incomoda no trabalho e em tudo depois da escola até mesmo na faculdade é a falta de profundidade das coisas nada mais é tão intenso, nada tudo nele esta ficando cada vez mais calejado.
O dia corre lento, enquanto dobra papeis, rasga papeis, sobe e desce escadas ele fica o dia todo preso em sua mente, onde fluem correntes de pensamentos continuas e variadas, durante o dia sempre que ele cruza com alguém que julgue interessante tenta estabelecer uma conversa, mas a falta de intimidade acaba tornando as conversas mais curtas do que desejaria.
A tarde acaba e ele parte para o ponto, lá ele quase sempre encontra alguém conhecido, ai as coisas são mais fáceis e antes que ele perceba esta novamente na frente da sua casa.

13 de março de 2009 - 8:30 AM - Saindo do banheiro ele pensou em retornar e tomar banho, decidiu deixar para mais tarde, nesse instante em que deixava o banheiro um pensamento complexo pela quantidade de considerações e conclusões nele contidas passou por sua mente, estava preocupado, já a alguns meses vinha usando algumas drogas para perda de peso, havia perdido quinze quilos, aquilo não o satisfazia, nem era esse o intuito, pensou que não havia intuito, não pleiteava aumento ou ganho de beleza, não queria ficar saudável, era suficientemente inteligente para saber que essa seria a ultima das conseqüências do uso daquelas coisas, pensou que talvez os vários comprimidos diários estivessem provocando a diarréia alternada por períodos de prisão de ventre. Olhando de relance no espelho pensou em escovar os dentes.
Mas uma vez sua consciência desdobrou o foco de raciocino, lembrou da infância, e de como era elogiado sempre que ia ao dentista na infância, nunca teve caries, os dentes sempre foram alinhados, pensou em qual seria o peso da recomendação dos dentistas sobre escovar varias vezes os dentes durante o dia. Secretamente, sempre foi negligente com isso, na infância muitas vezes se trancava no banheiro brincando com soldadinhos de plástico na pia cheia de água, e depois, apenas bochechava um pouco de água com pasta, mais tarde a vaidade e com ela o costume de escovar os dentes se fundamentou.
Porem diversas vezes ele incorreu no antigo crime, entrava no banheiro, e de frente pro espelho travava calorosos debates consigo próprio, interpretando todos os envolvidos e quando se dava conta do atraso saia fazendo apenas o velho e prático bochecho.
13 de março de 2009 - 9:10 AM - Entrando na casa com o jornal do dia nas mãos ele desfaz o kilt improvisado com uma camisa social e uma esportiva, afortunadamente esquecidas na sala na noite anterior, deixadas ali mesmo respectivamente nas voltas do trabalho e da faculdade.
Deixar as coisas jogadas, andar nu. Prazeres da solidão.
Seguiu para cozinha ligou o ventilador de teto, não sentia calor, era só um costume, ligou o televisor, sem dar atenção à programação, não quis sentar-se despido sobre a cadeira recentemente comprada pela mãe, pudor ridículo, apanhou na geladeira uma caixa de suco de pêssego e uma conserva de azeitonas.

13 de março de 2009 - 18:00 PM - Após comer macarrão instantâneo com restos de carne moída e arroz deixados pela mãe, pensou em ligar para algum amigo, percebeu que não seria o melhor dia, estava estafado, não havia feito nada o dia todo, mas também não queria fazer nada em especial.
Deitou-se na sala, e dormiu.

18 de novembro de 2006 – 19:00 PM - Ele corre para faculdade, lá ele encontra alguns amigos da época da escola, é sempre agradável, mas não são mais as mesmas pessoas, ainda bem por que senão seriam um bando de retardados, mas mesmo assim, isso é de alguma forma triste para ele, definitivamente não leva a faculdade a sério, ninguém leva Processamento de Dados a sério, só existem três motivos para ele estar ali, é uma profissão que tem bons salários, seus amigos estão ali, é uma faculdade publica.
Ele não quer fazer nenhuma faculdade em especifico, vai acabar essa antes dos 23 daí talvez ele já saiba o que vai querer fazer, por hora ele vai levando, às vezes ele mata as ultimas aulas para ir ao cinema, depois de responder a chamada, mas dessa vez ele vai para casa.

18 de novembro de 2006 – 22:45 PM - Ele estaciona o carro na garagem, abraça a mãe, liga o computador, toma banho, fica trinta minutos na internet conversando com alguns conhecidos que ele consegue encontrar, por fim ele dorme.

Maia.

Cadela Sarnenta

Essa é a História de Thais Samiuchi, irmã mais velha de Bruna Samiuchi apresentada anteriormente no texto “Cadela Abandonada”, Thais é a garota de peruca azul que recebe o dinheiro de Bertunni.

http://tarrasquearqueiro.blogspot.com/2006/07/cadela-abandonada.html

Os fatos relatados nessa história ocorreram nove meses antes dos ocorridos em “Cadela Abandonada”.


Meia noite de vinte quatro minutos, a garota sozinha na praça escura apaga o cigarro ao perceber o Honda preto com quatro garotos dentro buzinar e fazer a volta no meio da rua, ela olha para os lados procurando movimento, esta sozinha.
- Oi gata, o que você faz por trinta?
- Oi "GATO"... Olha, por trintinha eu posso cagar e mijar na sua boca seu pivete retardado!
- Se fudeu grandão! - Diz o garoto branco de cabelo miojo - Eu falei pra você deixar quieto essa peruana magrela.
A garota se abaixa e olha através janela do carona ignorando o rapaz que a havia abordado.
- Peruana é a puta da sua mãe, eu sou japonesa seu merda, e pode ficar tranqüilo viado que eu não vou roubar o teu machinho cabeludo não... Não precisa ter ciúmes.
O garoto de cabeludo olha para o amigo rindo.
- Cara essas vadias fumam craque o dia inteiro, dai a gente vem aqui na maior boa vontade querendo ajudar e é destratado assim, "PUTA" mancada, vamo embora que já deu pra ficar atordoado com tanta patada.
Quando ele diz isso repara que o amigo sentado ao seu lado, alem de não rir encara muito assustado a prostituta, ele então se volta na direção dela e fica estatico.
- Então... Os viadinhos podem até ir embora, mas passem as carteiras e a garrafa pra mim - Empunhando o trinta e oito de cano curto a Japonesa olhava ansiosamente para os lados, transparecendo ansiedade.
Os garotos assustados entregam as carteiras.
- Pode ficar com o dinheiro moça, mas devolve os documentos, por favor! O documento do carro ta ai dentro.
- É isso ai princesa, juro que se você devolver os documentos a gente vai embora direto pra casa, sem policia e sem nenhum problema pra ninguém.
- Mas eu já estou tranqüila, se quiserem me denunciar é só dobrar a esquerda na próxima avenida e quando chegarem na praça vão ver a delegacia - Ela falava enquanto revirava a carteira de um dos garotos - Dai chegando lá é só vocês pedirem para falar com o Samuel Prado, é um negão, acho que é cabo sei lá, ele me "atendeu" da ultima vez que eu fui passar a noite lá, é só dizer "Puta, Armada, Japonesa, Louca" dizendo qualquer uma dessas com essa cara de viado gripado que vocês estão ele já vai sacar na hora.
O Rapaz no banco de trás que tinha ficado quieto até agora começou a falar, tentando ridiculamente parecer calmo.
- Puta que o pariu, a gente ta bêbado e falou besteira, mas devolve o documento por favor, o carro nem é do pai do moleque, a gente vai complicar o coroa se você não devolver.
- Mimimi... Pau no cu dele, e deixa eu acabar de falar sua bicha preta, não tem nada haver com o que vocês falaram ou não, quatro punheterinhos num carro, mesmo se vocês tivessem me chamado de madame e me convidado pra ir tomar sopa eu é que ia foder vocês, já estava escrito - A garota que antes tinha uma aparência franzina e debilitada, soava aterrorizante, explodindo num riso cínico - Some daqui Bruninho!
Ela volta o olhar pra eles com o RG do garoto de cabelos cacheados nas mãos, o lápis passado no olho direito retém uma gota de suor que escorre negra marcando seu rosto deixando a cara da piranha ainda mais assustadora, Bruno treme.
- Imagina eu presa contando pra dona Juciara que o pinto do filho dela tem três centímetros e que ele quis lamber o saco do amigo enquanto comia o meu cu - Imagina a cara dela ouvindo isso Bruninho, tem um telefone aqui, vamo ligar pra ela? Ou quem sabe quem atende é o Otavio? Seu pai né? Ele mora com vocês Bruno? Ele sabe que você é viado?
O Rapaz do banco de trás grita, Surpreendendo Thais por um momento.
- Devolve essa porra agora sua biscate chapada do caralho, eu num tenho medo desse trabuco velho não.
Após a breve surpresa Thais esperou alguns segundos, o silencio e a falta de habilidade do rapaz em se manter ameaçante era tão ridícula que foi difícil controlar o riso.
- Nossa deu até um tesão agora Moleque, se quiser sai do carro que eu até dou pra você de graça, tipo... Eu to com uma micose, se você não ligar eu acho que to no clima depois desse grito. Parecia até meu pai.
O rapaz pragueja e se recosta vencido no banco traseiro do carro.
Ela engatilha a arma.
- Dez.
- O que?
- Nove.
- Puta merda a gente entregou tudo pra você, o que você vai fazer com a merda do documento?
- Quatro... Três!
Os garotos saem cantando pneu, nas carteiras duzentos e sessenta reais, cartões e outras porcarias.
Thais Samiuchi, guarda as carteiras na bolsa, ficando apenas com o documento do carro na mão, vai até o meio fio e joga o documento na boca de lobo.
- Chupa essa Bruninho.

Maia.

quarta-feira, dezembro 24, 2008

25/12/2008 02:28 am

Choveu na noite de natal do ano de dois mil e oito, uma fria chuva. Os fogos de artifício já haviam sido disparados, agora retumbavam magníficos os trovões em meio a clarões reveladores de um lindo negro cravejado de gigantescas e belíssimas nuvens.
Nas sarjetas corria abundante a água. A tempestade em alguns momentos parecia cessar, as gotas raleavam, o vento ficava mais calmo entrando pela janela e enchendo os ambientes com o delicioso frescor da noite de chuva.
Mas logo se ouvia outro estrondo, via-se a luz, sentia-se na pele descoberta o giro do vento, era a tempestade voltando a cantar. Seu canto ressoava na imensidão do céu embalando o sono de muitos.
Talvez tenham ocorrido acidentes de transito, é possível também que tenham existido pessoas que por falta de abrigo tremeram de frio nessa noite.
Talvez tenha sido errado ficar tão feliz, mas que posso fazer se foi essa até o momento a maior beleza que vi no ano que já chega ao fim.

sábado, dezembro 20, 2008

A Paixão de Jonathan Siegfried

O homem entra no consultório da já cansada doutora Vanessa, o ultimo paciente havia sido muito desgastante, mais uma esposa traída, se ela tivesse condições suspenderia todas as consultas do dia. Doutora Vanessa no auto de seus trinta e dois anos era uma mulher tranqüila, morena de pele bastante branca tinhas as bochechas levemente rosadas e proeminentes evidenciando certo excesso de peso, nada exagerado. O homem que entrava no consultório era um rapaz de no maximo vinte e sete anos, branco, já com os cabelos começando a ralear no centro da cabeça, barba por fazer, os olhos angustiados denunciavam que esse era mais um caso serio, a doutora gostava de atender os novos casos as segundas pela manhã, para poder se dedicar ao maximo a cada cliente, mas esse rapaz, Jonathan Siegfried, havia sido indicado por um antigo paciente, e parecia ter bastante pressa.

- Boa Tarde Senhor Jonathan, pode se sentar nesta cadeira ou na poltrona reclinável se o senhor preferir.

- Acho que vou sentar na poltrona reclinável pra completar o clichê doutora - Disse o rapaz sentando-se desajeitadamente na poltrona.
A doutora riu mecanicamente, era a segunda vez na mesma semana que alguém fazia essa piada.

- Muito bem Jonathan, posso te chamar assim? - o rapaz consentiu com um gesto de cabeça - Já dei uma olhada no questionário que você preencheu na recepção, gostaria de saber o que te traz aqui hoje?

- Nossa Doutora direto assim na bucha! - Jonathan esperava uma resposta que não veio da doutora - Bom... Eu tenho um problema com as mulheres... Ou melhor, na maneira como eu me relaciono com elas.

- Que problema Jonathan? - A doutora se recostou na cadeira, oitenta por cento dos rapazes dessa idade que iam ao consultório começava o discurso dessa forma, nesse momento ela sentiu-se terrivelmente cansada.

- Comecei a reparar a uns doze anos doutora, eu sempre simpatizei demais com as garotas, sabe... Na escola sempre tinha uma rodinha de caras falando de alguma garota, que ela era vaca, gostosa ou feia... Lógico que por instinto de sobrevivência eu dava umas risadas e até arriscava umas opiniões, mas eu sempre achei isso horrível demais, não me entenda mal doutora eu não sou viado.. Perdão, homossexual, nem nada mas dês dessa época eu reparava que a minha consideração pelas mulheres era incomum... - Vanessa notou mais um lugar comum no discurso do rapaz, a preocupação explicita em não parecer gay, na faculdade ela havia tido um professor que por brincadeira havia formulado um teorema baseado em sistema de atribuição de pontos que indicava o quão gay cada paciente era, essa frase já garantia 12 pontos de um total de 69 para ser considerado uma bichona safada.

- E você tinha namoradas na escola Jonathan? - Ela já sabia a resposta.

- Bom, veja bem namorada mesmo não - nesse momento Jonathan fez uma pausa inspirou profundamente e disse - Quem eu to querendo enganar, lógico que não! Olha pra mim, eu não tive namoradas no colegial nem na faculdade nem agora, a ultima mulher que me beijou na boca tinha seis anos e me pediu um balão de parque em troca! Tirando isso eu só catei coitadas até hoje - A sinceridade de Jonathan assustou Vanessa, A maioria dos pacientes demorava umas três sessões para ter aquilo que ela chamava "Momento Over" que era quando o desgraçado ou a desgraçada caia em prantos e contava que quase todas as mentiras ridículas que eles haviam contado e que ela já sabia que eram mentiras ridículas eram na verdade mentiras ridículas.

- Calma Jonathan, muito positiva a forma como você foi sincero agora! É esse então o seu problema com as mulheres? O que você quis dizer com coitadas? - Jonathan passou a mão nos olhos enxugando as lagrimas enquanto ria nervosamente da sua situação.

- Não tava querendo dizer putas e vagabundas interesseiras pra senhora doutora, e esse não é o meu problema, pelo menos não o que me trousse aqui hoje - Agora Vanessa estava surpresa, se isso não era um problema o que poderia ser?

- Qual é o problema então Jonathan - Dessa vez o rapaz deveria abordar o problema diretamente, se ele fizesse outro retorno ao passado não seria um bom sinal, pois ele estava se mostrando tremendamente disposto a encarar o problema, e se mostrasse mais uma vez receio em abordar a causa raiz da visita então o problema deveria ser um monstro, do tipo "Eu me masturbo cheirando as calcinhas da minha irmã", "Eu sinto atração sexual por crianças", "Eu me masturbava cheirando as calcinhas da minha avó e sinto falta disso", "Eu estuprei alguém!" ou algo do tipo "Eu me masturbo cheirando as calcinhas da minha irmã, sinto atração sexual por crianças também me masturbava cheirando as calcinhas da minha avó, alias sinto muita falta disso e estuprei alguém ontem". Por tanto esse era um momento de muita tensão.

- Eu amo todas as mulheres do mundo doutora - Doutora Vanessa suspirou discreta e aliviada e deixou escapar um sorriso ao perceber que o paciente havia corado e tampado os olhos enquanto contava.

- Como assim ama?

- Tipo... Eu fico lembrando delas, suspirando, beijando o ar enquanto lembro do rosto delas, chorando quando ouço musica do Fabio Junior... Tipo isso!

- Mas de que mulheres você esta falando?

- Da caixa loira do Banco do Brasil da avenida presidente Vargas, da guarda que também trabalha lá, da moça mulata que vende passes de ônibus e tem um olhar tão doce, da sua secretaria que mesmo sendo gordinha foi tão educada comigo.... E isso só pra falar das ultimas duas horas de hoje! - Foi um tremendo esforço para

Vanessa se manter seria nesse ponto, a maneira seca e indignada do paciente era digna dos melhores shows de comédia, a única coisa que a ajudava a se manter impassível era perceber a dor do rapaz.

- Calma Jonathan, vamos por partes, Por que você acha que ama essas mulheres?

- Puxa vida doutora, quando eu vejo elas meu coração quase estoura no peito, eu transpiro, sinto vontade de abraçar, esfregar meu rosto no rosto delas, de fazer carinho sei lá - O rapaz fez uma pausa, e quando a doutora ia emendar mais uma pergunta tentando detalhar a situação ele continuou.

- Teve uma vez, em que eu estava no Ônibus do trabalho, que por sinal tem umas três moças pelas quais eu sou vidrado dai entrou essa garota, ela devia ter no maximo uns 19 anos, cabelos loiros platinados, uma calça de cintura baixa e uma camisa do palmeiras bastante apertada, um corpo escultural, um rosto meio parvo mas que parecia bondoso, ela estava usando um desses perfumes que tem um cheiro doce bastante forte, daqueles que fazem o ônibus parecer uma festa hippie com incenso vagabundo. Eu juro pra você doutora eu lembro do cheiro dessa mulher toda vez que entro em uma perfumaria, até já comprei uns perfumes tentando achar o cheiro dela! E isso já faz seis anos!

A doutora Vanessa fez uma pausa de cinco segundos antes de retomar a conversa, queria ter certeza que o paciente não tinha mais nada a dizer, enquanto isso o rapaz passava a mão nervosamente nos cabelos.

- Você falou do corpo da garota Jonathan, queria saber se esse amor se reflete também em desejo sexual?

- Porra! Desculpa. Pra cassete doutora! Essa palmeirense tinha um par de peitos insandecedores, uma boca que era um pecado, outro dia eu consegui a façanha de babar olhando pro decote de uma amiga da minha mãe de quarenta e oito anos que eu sempre chamei de tia Berenice, que por sinal deve ser a mulher que mais foi "homenageada" por um mesmo rapaz em toda a história da masturbação humana!

- E quando você esta com essas "coitadas" que você disse Jonathan, você se lembra dessas mulheres que você ama? Como você se sente em relação a essas coitadas?

- Lógico que eu lembro doutora, mas eu não faço isso sempre não acho que em toda minha vida fiz isso no maximo umas quatorze vezes... Eu não gosto dessas mulheres justamente por que elas parecem muito sujas sei lá... Sei que é uma tremenda calhordisse dizer isso, mas é como se elas nem fossem gente. - Com certeza era uma tremenda calhordisse dizer isso.

- Você nunca falou sobre isso com ninguém Jonathan?

- Nunca doutora, eu tenho poucos amigos, a maioria é no trabalho lá eu devo ser visto como uma pessoa normal, e você sabe como é trabalho, deu dezoito horas todo mundo vai pro seu canto.

Vanessa deu uma olhada na ficha de Jonathan.

- Estou vendo aqui que você é editor de fotografia e trabalha em uma editora, Ninguém no seu trabalho nunca te perguntou sobre seus relacionamentos?

- Não entendi essa pergunta doutora, sei lá... Se brincar esse povo acha que eu sou gay.

- Isso te incomoda?

- Claro!

Nesse momento Vanessa percebeu que só tinha mais dez minutos de sessão, era importante ser rigorosa com horários, principalmente nos primeiros dias.

- Bom Jonathan nossas sessões iniciais tem cinqüenta minutos, e só restam alguns minutos, gostaria nas próximas sessões de conversar mais sobre a sua infância, e sobre a forma como você enxerga as outras pessoas para a gente conversar na semana que vem gostaria também que você fizesse duas listas pra mim, sei que parece besteira, mas gostaria que você fosse muito sincero, quero uma lista com os motivos que uma garota teria para te "Amar" e os motivos para não te "Amar".

- Tipo prós e contras doutora? - perguntou Jonathan em meio a um riso nervoso.

- Isso! E é bastante cedo pra que eu de qualquer opinião, mas gostaria que você refletisse se o que você sente não é só desejo sexual e frustração pela sua timidez.

- Frustração beleza doutora, mas não é só desejo! Pelo amor de Deus eu pularia na frente se alguém atirasse na senhora! - Já era esperado por Vanessa que isso fosse acontecer, só não achava que o paciente fosse se declarar pra ela depois de quarenta e cinco minutos de sessão.

- Talvez você deva considerar encarar a intensidade desse sentimento então Jonathan, pense em como essas mulheres reagiriam a uma declaração sua.
E antes que Jonathan pudesse argumentar ela disse de levantando e estendendo a mão.

- Espero te ver na quarta no mesmo horário, tudo bem?

Jonathan a cumprimentou e saiu da sala praticamente em silencio.
Vanessa pegou o telefone, discou o ramal da sua secretaria.

- Iracema, espere esse paciente sair e já pode ir, eu vou ficar um pouco mais hoje, preciso escrever algumas coisas... Boa noite pra você também.

Vanessa ligou o notebook, tirou o cinto, soltou os cabelos sentou-se na cabeceira da mesa discou um numero no celular.

- Alo... Mãe... Vou chegar mais tarde hoje, não precisa me esperar pra comer, alguém ligou pra mim? Tudo bem obrigado, beijo.

Vanessa abriu o frigobar e retirou uma lata de coca, sentou-se na frente do computador e abriu o programa de poker online.

Maia

PS:
(Desculpe eventuais erros de portugues! Perdido vc pode revisar pra mim?? Vlws)

domingo, novembro 16, 2008

A Segunda Pior História Já Contada (Especial de natal)

Jonas era um garoto feliz apesar da pobreza de sua família, tinha costumes comuns de um garoto de sua idade.
Mesmo com a proximidade do natal, Jonas sabia que não receberia presente algum, o ritual de sua familia incluia assistir todos os especiais de televisão, um jantar à meia noite com frango assado e a distribuição de alguns doces feita por seu avô. Mesmo sem presentes, Jonas aguardava ansioso por essa data onde as pessoas ficavam segundo ele "Mais engraçadas!".
Porém, o natal daquele ano foi especial para Jonas, graças a uma melhoria na condição financeira da família, o pai de Jonas conseguiu comprar uma bola para o filho. Esse simples presente, de vinte cinco reais fez daquele dia, o dia mais feliz de toda a vida do garoto!
No dia seguinte, Jonas foi com um grupo de garotos da vizinhança estreiar a bola logo cedo, não eram nem oito horas da manhã quando o grupo de moleques despontou na esquina vislumbrando o campo de areia vazio. Começaram a correr em sua direção.
Manuel caminhoneiro experiente, evangélico, pai de duas filhas lindas de vinte e quinze anos, dormiu naquela noite na casa da viúva de um antigo companheiro seu. A relação dos dois havia começado quando após a morte de Mariano, amigo de Manuel, o caminhoneiro solidário a esposa grávida de Mariano, começou a lhe fazer visitas regulares.
Ainda que casado e feliz, Manuel naturalmente viu a piedade se transformando em saudade e naturalmente a saudade virou vontade. Naquela manhã, Manuel que havia chegado na cidade na noite anterior teve de levantar às pressas após receber uma ligação de sua esposa que estava muito desconfiada por ter recebido uma ligação do empregador de Manuel. Este, havia colocado um dispositivo de monitoramento na carga e tinha ligado perguntando pelo esposo da mulher, uma vez que ele estava na cidade.
Saindo de uma vez da garagem Manuel que tinha 30 anos de experiência passou por cima do grupo de garotos, um perdeu a perna, Jonas teve a cabeça esmagada, mas mesmo assim seu corpo ainda segurava firmemente a bola, em meio à espasmos.

Feliz Natal.

Maia.
 

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