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quinta-feira, julho 02, 2009

Sincera

Desculpa por não ter conseguido fazer melhor, desculpa o meu mau jeito e desculpa também o meu jeito mal, me desculpa por ser cada vez pior. Sério, me desculpa, mas não consigo parar, desculpa, só sei dizer isso, tudo o que faço é pedir que tirem de mim a culpa que ainda não é minha, ainda.
A culpa que não existe, ainda.
Desculpa essa minha mania de inferioridade, desculpa a minha covardia. Perdoa minha agonia, minha ansiedade, e, por favor, me desculpa, mesmo, de verdade, pela insistência nessa vontade.
Desculpa mas não tenho coragem para contar minha história, desculpa por mentir sempre, desculpa, mas minto mesmo quando falo a verdade.
Desculpa por ser repetitivo, desculpa, mas sinceramente não sito culpa. Peço que entenda, mas só quero o sono noturno. Desculpa meu irmão, mas chegarei atrasado.
Desculpa mas é que eu não gosto de você, gosto mesmo é de achar que você me gosta, mas me perdoa por não acreditar nisso.
Desculpa meu ódio e minha falta de compaixão, desculpa o meu pai.
Desculpa Senhor, desculpa nossa fraqueza, me desculpa pela frieza, a todos, aviso, não sinto mais medo, não sinto mais tristeza, não sinto nenhuma alegria.
Apenas sinto muito, sinto pelo incomodo. Peço sinceras desculpas e permaneço sozinho, lutando com minha fraqueza.
Maia

quarta-feira, abril 08, 2009

O Homem (Sabado)

Nasceu numa manhã chuvosa de segunda, casou-se ao por do sol de uma tarde de terça com o maior amor de sua vida, Nas primeiras horas de quinta se viu pai pela primeira vez, anos depois numa quarta-feira se viu traido.
Sexta-feira de maio, já com certa idade reviu ex-esposa e ex-filhos, havia fugido deles de toda a descepção sentida e causada, mas agora retornava . No domingo de festa o homem morreu, satisfeito e sozinho, em carne e espirito apodreceu.
Em sua vida machucou-se e foi machudo pois amou e foi amado, mas por culpa da infinita fraqueza humana traiu e foi traido, mentiu e foi mentira.

Maia.

Relatos

13 de março de 2009 - 7:30 AM - A apenas cinco horas ele havia dormido, ao se levantar checou a temperatura do computador, com as luzes que indicavam funcionamento queimadas essa era a única forma de ter certeza se ele estava ligado, o som do exaustor da maquina não era de grande ajuda, o ventilador do quarto estava ligado.
Era sábado, sozinho no quarto e na casa sentou-se na cama e lembrou da noite anterior, não dos fatos importantes ou das conversas que teve, forçou-se apenas a lembrar dos últimos pensamentos que havia tido antes da escuridão do quarto entrar pelas frestas de seus olhos enegrecendo sua consciência. Esse exercício diário já vinha se repetindo a dois ou três meses, fazia isso todas as manhãs, era um exercício mental que segundo um artigo reforçava a capacidade intelectual do praticante.
Levantou-se, decidiu ficar nu, estava sozinho, seu quarto ficava na parte superior da casa juntamente com os outros quartos da família, entre seu quarto e a escada havia uma sala de estar, o vidro da janela sem persianas fazia sua nudez perceptível, ainda que a considerável distancia, a um eventual transeunte, não se importou.
Ele nunca foi desinibido, excesso de pudor e de preocupação com a opinião alheia nunca lhe faltaram, não havia ocorrido na sua vida recente nenhum fato que o tivesse feito mudar, eram 7:50 AM.

18 de novembro de 2006 – 6:30 AM - A luz do quarto se acende, na cama seus olhos vêem sua mãe entrar, seu corpo se ergue rapidamente, boceja, pega o copo de leite e agradece. Enquanto sua mãe vai até a frente da casa recolher o jornal ele vira o copo, quando ela volta, ele lhe entrega e agradece novamente deitando-se, ela então diz:
- Não vai atrasar hein...
- O celular toca antes das sete horas fica “sussa”.
A porta fecha, a escuridão é rala a luz teima em entrar pelos cantos da janela, ele não dorme. Passa vinte e dois minutos pensando que não tem tempo suficiente para dormir, desejando poder dormir mais, como seria bom não trabalhar, pensa que é besteira pensar essas coisas, e então não pensa nada mais.

18 de novembro de 2006 – 7:00 AM - A porta de madeira ruim esta fechada, bem no fundo é possível escutar o toque imbecil de um celular, alguns minutos e a porta se abre, através dela ele surge se arrastando até o banheiro, escova os dentes lava o rosto, se encara no espelho tenta arrumar o cabelo, enquanto isso lá fora o jornal esta sobre a mesa da cozinha, sua mãe voltou para cama, à descarga ecoa incomodamente pela casa a porta se abre ele senta na cozinha folheando o jornal no pior dos cadernos, olha uns minutos levanta bebe água, ele bebe muita água, e sai arrastando seu corpo pesado de sono até o serviço.

18 de novembro de 2006 – 7-30 AM -
Existe algo no ponto de ônibus que o incomoda, todos ali são mulheres, homens bem mais velhos que ele, ou ainda guardinhas, não existem outros caras como ele ali, onde essa gente está?

18 de novembro de 2006 – 8:04 AM - Como sempre ele chega quatro minutos atrasado no trabalho. Cumprimenta as pessoas, é sempre assim quando ele chega existe sempre a quase obrigação de saldar a todos, talvez por ser o ultimo a chegar, mas quando chegam depois dele esse peso recai sobre ele novamente, é algo estranho é como se fosse uma inferioridade social que ele não consegue vencer, o problema é causado por uma falha no processo de percepção enquanto ele olha para um rosto, ele sempre olha por um segundo a mais que o normal, talvez por isso as pessoas esperam que ele fale alguma coisa, mas quando ele é flagrado por essa expectativa acaba ficando confuso e se enrolando em um cumprimento quase símio.
Ele não tem grandes amigos no trabalho, ele é um novato lá, isso não lhe incomoda, as pessoas de lá são agradáveis em sua maioria, talvez por serem quase todas elas mulheres. É sempre melhor estar com mulheres, essa é sua opinião, não que ele seja afeminado, alias. Ele deseja todas as mulheres dali com idade próxima a sua, não é que ele seja algum tarado, é que todo homem é assim, pelo menos os que ele conhece, nesse ponto ele se acha normal.
A única coisa que o incomoda no trabalho e em tudo depois da escola até mesmo na faculdade é a falta de profundidade das coisas nada mais é tão intenso, nada tudo nele esta ficando cada vez mais calejado.
O dia corre lento, enquanto dobra papeis, rasga papeis, sobe e desce escadas ele fica o dia todo preso em sua mente, onde fluem correntes de pensamentos continuas e variadas, durante o dia sempre que ele cruza com alguém que julgue interessante tenta estabelecer uma conversa, mas a falta de intimidade acaba tornando as conversas mais curtas do que desejaria.
A tarde acaba e ele parte para o ponto, lá ele quase sempre encontra alguém conhecido, ai as coisas são mais fáceis e antes que ele perceba esta novamente na frente da sua casa.

13 de março de 2009 - 8:30 AM - Saindo do banheiro ele pensou em retornar e tomar banho, decidiu deixar para mais tarde, nesse instante em que deixava o banheiro um pensamento complexo pela quantidade de considerações e conclusões nele contidas passou por sua mente, estava preocupado, já a alguns meses vinha usando algumas drogas para perda de peso, havia perdido quinze quilos, aquilo não o satisfazia, nem era esse o intuito, pensou que não havia intuito, não pleiteava aumento ou ganho de beleza, não queria ficar saudável, era suficientemente inteligente para saber que essa seria a ultima das conseqüências do uso daquelas coisas, pensou que talvez os vários comprimidos diários estivessem provocando a diarréia alternada por períodos de prisão de ventre. Olhando de relance no espelho pensou em escovar os dentes.
Mas uma vez sua consciência desdobrou o foco de raciocino, lembrou da infância, e de como era elogiado sempre que ia ao dentista na infância, nunca teve caries, os dentes sempre foram alinhados, pensou em qual seria o peso da recomendação dos dentistas sobre escovar varias vezes os dentes durante o dia. Secretamente, sempre foi negligente com isso, na infância muitas vezes se trancava no banheiro brincando com soldadinhos de plástico na pia cheia de água, e depois, apenas bochechava um pouco de água com pasta, mais tarde a vaidade e com ela o costume de escovar os dentes se fundamentou.
Porem diversas vezes ele incorreu no antigo crime, entrava no banheiro, e de frente pro espelho travava calorosos debates consigo próprio, interpretando todos os envolvidos e quando se dava conta do atraso saia fazendo apenas o velho e prático bochecho.
13 de março de 2009 - 9:10 AM - Entrando na casa com o jornal do dia nas mãos ele desfaz o kilt improvisado com uma camisa social e uma esportiva, afortunadamente esquecidas na sala na noite anterior, deixadas ali mesmo respectivamente nas voltas do trabalho e da faculdade.
Deixar as coisas jogadas, andar nu. Prazeres da solidão.
Seguiu para cozinha ligou o ventilador de teto, não sentia calor, era só um costume, ligou o televisor, sem dar atenção à programação, não quis sentar-se despido sobre a cadeira recentemente comprada pela mãe, pudor ridículo, apanhou na geladeira uma caixa de suco de pêssego e uma conserva de azeitonas.

13 de março de 2009 - 18:00 PM - Após comer macarrão instantâneo com restos de carne moída e arroz deixados pela mãe, pensou em ligar para algum amigo, percebeu que não seria o melhor dia, estava estafado, não havia feito nada o dia todo, mas também não queria fazer nada em especial.
Deitou-se na sala, e dormiu.

18 de novembro de 2006 – 19:00 PM - Ele corre para faculdade, lá ele encontra alguns amigos da época da escola, é sempre agradável, mas não são mais as mesmas pessoas, ainda bem por que senão seriam um bando de retardados, mas mesmo assim, isso é de alguma forma triste para ele, definitivamente não leva a faculdade a sério, ninguém leva Processamento de Dados a sério, só existem três motivos para ele estar ali, é uma profissão que tem bons salários, seus amigos estão ali, é uma faculdade publica.
Ele não quer fazer nenhuma faculdade em especifico, vai acabar essa antes dos 23 daí talvez ele já saiba o que vai querer fazer, por hora ele vai levando, às vezes ele mata as ultimas aulas para ir ao cinema, depois de responder a chamada, mas dessa vez ele vai para casa.

18 de novembro de 2006 – 22:45 PM - Ele estaciona o carro na garagem, abraça a mãe, liga o computador, toma banho, fica trinta minutos na internet conversando com alguns conhecidos que ele consegue encontrar, por fim ele dorme.

Maia.

Cadela Sarnenta

Essa é a História de Thais Samiuchi, irmã mais velha de Bruna Samiuchi apresentada anteriormente no texto “Cadela Abandonada”, Thais é a garota de peruca azul que recebe o dinheiro de Bertunni.

http://tarrasquearqueiro.blogspot.com/2006/07/cadela-abandonada.html

Os fatos relatados nessa história ocorreram nove meses antes dos ocorridos em “Cadela Abandonada”.


Meia noite de vinte quatro minutos, a garota sozinha na praça escura apaga o cigarro ao perceber o Honda preto com quatro garotos dentro buzinar e fazer a volta no meio da rua, ela olha para os lados procurando movimento, esta sozinha.
- Oi gata, o que você faz por trinta?
- Oi "GATO"... Olha, por trintinha eu posso cagar e mijar na sua boca seu pivete retardado!
- Se fudeu grandão! - Diz o garoto branco de cabelo miojo - Eu falei pra você deixar quieto essa peruana magrela.
A garota se abaixa e olha através janela do carona ignorando o rapaz que a havia abordado.
- Peruana é a puta da sua mãe, eu sou japonesa seu merda, e pode ficar tranqüilo viado que eu não vou roubar o teu machinho cabeludo não... Não precisa ter ciúmes.
O garoto de cabeludo olha para o amigo rindo.
- Cara essas vadias fumam craque o dia inteiro, dai a gente vem aqui na maior boa vontade querendo ajudar e é destratado assim, "PUTA" mancada, vamo embora que já deu pra ficar atordoado com tanta patada.
Quando ele diz isso repara que o amigo sentado ao seu lado, alem de não rir encara muito assustado a prostituta, ele então se volta na direção dela e fica estatico.
- Então... Os viadinhos podem até ir embora, mas passem as carteiras e a garrafa pra mim - Empunhando o trinta e oito de cano curto a Japonesa olhava ansiosamente para os lados, transparecendo ansiedade.
Os garotos assustados entregam as carteiras.
- Pode ficar com o dinheiro moça, mas devolve os documentos, por favor! O documento do carro ta ai dentro.
- É isso ai princesa, juro que se você devolver os documentos a gente vai embora direto pra casa, sem policia e sem nenhum problema pra ninguém.
- Mas eu já estou tranqüila, se quiserem me denunciar é só dobrar a esquerda na próxima avenida e quando chegarem na praça vão ver a delegacia - Ela falava enquanto revirava a carteira de um dos garotos - Dai chegando lá é só vocês pedirem para falar com o Samuel Prado, é um negão, acho que é cabo sei lá, ele me "atendeu" da ultima vez que eu fui passar a noite lá, é só dizer "Puta, Armada, Japonesa, Louca" dizendo qualquer uma dessas com essa cara de viado gripado que vocês estão ele já vai sacar na hora.
O Rapaz no banco de trás que tinha ficado quieto até agora começou a falar, tentando ridiculamente parecer calmo.
- Puta que o pariu, a gente ta bêbado e falou besteira, mas devolve o documento por favor, o carro nem é do pai do moleque, a gente vai complicar o coroa se você não devolver.
- Mimimi... Pau no cu dele, e deixa eu acabar de falar sua bicha preta, não tem nada haver com o que vocês falaram ou não, quatro punheterinhos num carro, mesmo se vocês tivessem me chamado de madame e me convidado pra ir tomar sopa eu é que ia foder vocês, já estava escrito - A garota que antes tinha uma aparência franzina e debilitada, soava aterrorizante, explodindo num riso cínico - Some daqui Bruninho!
Ela volta o olhar pra eles com o RG do garoto de cabelos cacheados nas mãos, o lápis passado no olho direito retém uma gota de suor que escorre negra marcando seu rosto deixando a cara da piranha ainda mais assustadora, Bruno treme.
- Imagina eu presa contando pra dona Juciara que o pinto do filho dela tem três centímetros e que ele quis lamber o saco do amigo enquanto comia o meu cu - Imagina a cara dela ouvindo isso Bruninho, tem um telefone aqui, vamo ligar pra ela? Ou quem sabe quem atende é o Otavio? Seu pai né? Ele mora com vocês Bruno? Ele sabe que você é viado?
O Rapaz do banco de trás grita, Surpreendendo Thais por um momento.
- Devolve essa porra agora sua biscate chapada do caralho, eu num tenho medo desse trabuco velho não.
Após a breve surpresa Thais esperou alguns segundos, o silencio e a falta de habilidade do rapaz em se manter ameaçante era tão ridícula que foi difícil controlar o riso.
- Nossa deu até um tesão agora Moleque, se quiser sai do carro que eu até dou pra você de graça, tipo... Eu to com uma micose, se você não ligar eu acho que to no clima depois desse grito. Parecia até meu pai.
O rapaz pragueja e se recosta vencido no banco traseiro do carro.
Ela engatilha a arma.
- Dez.
- O que?
- Nove.
- Puta merda a gente entregou tudo pra você, o que você vai fazer com a merda do documento?
- Quatro... Três!
Os garotos saem cantando pneu, nas carteiras duzentos e sessenta reais, cartões e outras porcarias.
Thais Samiuchi, guarda as carteiras na bolsa, ficando apenas com o documento do carro na mão, vai até o meio fio e joga o documento na boca de lobo.
- Chupa essa Bruninho.

Maia.
 

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