MAIA.
sexta-feira, dezembro 22, 2006
ÚLTIMO CRIME
Na noite da sua morte. Na hora marcada...Na exata hora. Ali estava ele. Cabisbaixo, encostado na parede, sozinho na noite fria. Lá, ele esperava seu algoz. Sabia da inevitabilidade de seu fim, então melhor esperar sentado. Sairia definitivamente desse mundo de lágrimas e ódio...Na noite dos gritos. Na hora marcada...Na triste hora. Ele estava tremendo. Ansioso e indeciso, sentado na calçada, fumando sozinho. Não tinha para onde fugir. Ele chorava...Sua miséria, sua vida...Tudo aquilo que possuía estava perdido. Uma decisão. Um erro. O suficiente para destruir uma vida. O suficiente para destruir sua vida! Não há tempo para arrependimentos agora...Ah, se eu pudesse voltar o tempo...Besteira! Fiz o certo e faria tudo outra vez...Idiota é aquele que luta contra o intransponível. Cale-se!! De que adianta divagar agora???? O fim é agora, já posso sentí-lo em mim! Oh Deus, eu também ouço! Ah, que ironia um de meus últimos pensamentos ser um clamor à Deus. Mas essa será minha única súplica...Somente a essa entidade me mostrarei vencido. Não me humilharei mais. Mas sei que no momento final fraquejarei e mesmo diante do fato...Ei de pedir e implorar pateticamente...Basta! Não darei essa última vitória a ele. Minha morte será o meu último crime.
sábado, julho 01, 2006
Cadela Abandonada
Em um beco escuro e mal iluminado, na cidade de São Paulo, uma mulher de traços asiáticos e cabelo verde, de aproximadamente vinte e cinco anos, surge saindo da entrada de serviço de uma boate. Olha para os dois lados, não vê nada, só um carro preto fechado na esquina. Ela se despede de alguém, fecha a porta e segue andando na direção oposta ao carro.
Ela caminha apressada e alguns metros à frente ouve um bater de porta vindo do carro e então percebe um homem baixo e obeso vindo em sua direção, enquanto fuma um cigarro. Ela então enfia a mão dentro da bolsa procurando um aparelho de choque e com o dedo no botão de ativação, para antes que o homem se aproxime demais, e então se volta para ele com um sorriso impertinente no rosto e diz:
- Já parei de trabalhar hoje fofinho, e eu só atendo no clube – apontando pra a porta por onde havia saído.
- Bruna Samiuchi? – perguntou o homem com uma rouquidão que tornava sua voz quase incompreensível.
- Sim, quem é você e como sabe meu nome? – E sem perder o sorriso encarou melhor o homem de bochechas grandes e olhos pequenos – Por acaso é algum fã?
- Iago Bertunni, seu criado, perdoe-me, mas...
- Esta perdoado Fofinho, mas agora eu tenho de ir. Tenho um compromisso e não posso me atrasar – E antes que pudesse dar as costas ao homem.
- Serei mais direto então, você participou do seqüestro do senhor Amadeu Soares Perinoto?
Bruna que já estava quase de costas para aquela figura patética se voltou novamente para o homem que agora parecia incrivelmente ameaçador.
- Que merda é essa? Você é policial por acaso? – A expressão dela se tornou tensa e assustada.
Antes de terminar a pergunta, respondendo apenas ao seu instinto de defesa, num impulso animal ela se lançou sobre ele ativando a arma de choque, atirando o homem a alguns metros sentado no chão. E enquanto Bruna corria, Bertunni pegou a arma que estava em seu colete e ergueu o braço disparando um tiro que atingiu o ombro direito da garota que cambaleou. Porém, tomada pelo medo continuou em disparada. Bertunni se levantou e começou a perseguir a garota.
"Droga, a idade esta pesando. Daqui pra frente só mato pessoas mais velhas do que eu..." era o que pensava Bertunni enquanto perseguia a pobre moça que apesar de baleada no braço, conseguia manter uma grande velocidade.
Quando já estava quase botando os pulmões pela boca, ele resolveu atirar novamente antes que o pavor da moça passasse e ela começasse a gritar. Atirar correndo seria desperdício, então percebendo que teria apenas alguns segundos para acertar a piranha antes que ela virasse à direita na próxima esquina. Olhando para o chão contou dois passos largos pulou uma poça d’água e parou fechando o olho esquerdo e esticando bem os dois braços. A poça atrapalhou o cálculo de Bertunni e a bala atingiu a moça no exato momento que ela virava o corpo. Ela girou e desapareceu de trás da esquina.
Com a certeza de que a garota não correria mais, ele tira o pente de sua arma e pega no bolso de dentro do colete duas balas que encaixa no pente com exímia perícia enquanto caminha rapidamente para a esquina. Antes olha ao redor, a rua está vazia.
Ao chegar a esquina, empunha o revólver com as duas mãos ao lado da orelha esquerda, ameaça virar, para, limpa a testa e sussurra:
- Esteja morta garota, esteja morta.
Então ele vira, vê o corpo caído dez metros à frente.
- Graças a Deus!
Começa a desrosquear o silenciador quando ouve um gemido e vê a moça se arrastando apenas com a força do braço esquerdo. Bertunni balança a cabeça negativamente e volta a rosquear o silenciador enquanto anda na direção da pobre coitada. Quando ela percebe sua presença se desespera e começa a gritar:
- Socorro! Por favor! Não me mata eu não te fiz nada! Eu falo o que você quiser, mas não me mata eu preciso cuidar da minha filha! Ela só tem seis anos!
Ele se abaixa aponta a arma, faz um sinal para que a moça pare de falar e diz:
- O melhor que você vai conseguir é me fazer perder uma noite de sono.
Bruna tenta dizer algo, mas o medo e o cansaço só lhe permitem chorar e fazer uma súplica incompreensível. Um disparo no meio do peito. Ela tenta dizer alguma coisa, mas o sangue que sai pela sua boca a afoga e em alguns segundos ela desfalece. Bertunni joga o corpo pequeno dentro de uma caçamba de lixo ali perto. Limpa a pequena mancha de sangue em sua gravata azul com um lenço de papel que ele tira do bolso, volta na direção do carro, mas antes para na frente da porta do clube. Bate duas vezes, para um segundo e bate mais duas vezes. De dentro sai uma jovem também asiática com um vestido minúsculo, de no máximo dezoito anos. Ele entrega a ela um maço de notas de cinqüenta. Ela agradece e fecha a porta. Ele caminha até o carro enquanto pensa em qual deveria ser o grau de parentesco entre as duas vadias e no quanto é impossível confiar em alguém.
Ela caminha apressada e alguns metros à frente ouve um bater de porta vindo do carro e então percebe um homem baixo e obeso vindo em sua direção, enquanto fuma um cigarro. Ela então enfia a mão dentro da bolsa procurando um aparelho de choque e com o dedo no botão de ativação, para antes que o homem se aproxime demais, e então se volta para ele com um sorriso impertinente no rosto e diz:
- Já parei de trabalhar hoje fofinho, e eu só atendo no clube – apontando pra a porta por onde havia saído.
- Bruna Samiuchi? – perguntou o homem com uma rouquidão que tornava sua voz quase incompreensível.
- Sim, quem é você e como sabe meu nome? – E sem perder o sorriso encarou melhor o homem de bochechas grandes e olhos pequenos – Por acaso é algum fã?
- Iago Bertunni, seu criado, perdoe-me, mas...
- Esta perdoado Fofinho, mas agora eu tenho de ir. Tenho um compromisso e não posso me atrasar – E antes que pudesse dar as costas ao homem.
- Serei mais direto então, você participou do seqüestro do senhor Amadeu Soares Perinoto?
Bruna que já estava quase de costas para aquela figura patética se voltou novamente para o homem que agora parecia incrivelmente ameaçador.
- Que merda é essa? Você é policial por acaso? – A expressão dela se tornou tensa e assustada.
Antes de terminar a pergunta, respondendo apenas ao seu instinto de defesa, num impulso animal ela se lançou sobre ele ativando a arma de choque, atirando o homem a alguns metros sentado no chão. E enquanto Bruna corria, Bertunni pegou a arma que estava em seu colete e ergueu o braço disparando um tiro que atingiu o ombro direito da garota que cambaleou. Porém, tomada pelo medo continuou em disparada. Bertunni se levantou e começou a perseguir a garota.
"Droga, a idade esta pesando. Daqui pra frente só mato pessoas mais velhas do que eu..." era o que pensava Bertunni enquanto perseguia a pobre moça que apesar de baleada no braço, conseguia manter uma grande velocidade.
Quando já estava quase botando os pulmões pela boca, ele resolveu atirar novamente antes que o pavor da moça passasse e ela começasse a gritar. Atirar correndo seria desperdício, então percebendo que teria apenas alguns segundos para acertar a piranha antes que ela virasse à direita na próxima esquina. Olhando para o chão contou dois passos largos pulou uma poça d’água e parou fechando o olho esquerdo e esticando bem os dois braços. A poça atrapalhou o cálculo de Bertunni e a bala atingiu a moça no exato momento que ela virava o corpo. Ela girou e desapareceu de trás da esquina.
Com a certeza de que a garota não correria mais, ele tira o pente de sua arma e pega no bolso de dentro do colete duas balas que encaixa no pente com exímia perícia enquanto caminha rapidamente para a esquina. Antes olha ao redor, a rua está vazia.
Ao chegar a esquina, empunha o revólver com as duas mãos ao lado da orelha esquerda, ameaça virar, para, limpa a testa e sussurra:
- Esteja morta garota, esteja morta.
Então ele vira, vê o corpo caído dez metros à frente.
- Graças a Deus!
Começa a desrosquear o silenciador quando ouve um gemido e vê a moça se arrastando apenas com a força do braço esquerdo. Bertunni balança a cabeça negativamente e volta a rosquear o silenciador enquanto anda na direção da pobre coitada. Quando ela percebe sua presença se desespera e começa a gritar:
- Socorro! Por favor! Não me mata eu não te fiz nada! Eu falo o que você quiser, mas não me mata eu preciso cuidar da minha filha! Ela só tem seis anos!
Ele se abaixa aponta a arma, faz um sinal para que a moça pare de falar e diz:
- O melhor que você vai conseguir é me fazer perder uma noite de sono.
Bruna tenta dizer algo, mas o medo e o cansaço só lhe permitem chorar e fazer uma súplica incompreensível. Um disparo no meio do peito. Ela tenta dizer alguma coisa, mas o sangue que sai pela sua boca a afoga e em alguns segundos ela desfalece. Bertunni joga o corpo pequeno dentro de uma caçamba de lixo ali perto. Limpa a pequena mancha de sangue em sua gravata azul com um lenço de papel que ele tira do bolso, volta na direção do carro, mas antes para na frente da porta do clube. Bate duas vezes, para um segundo e bate mais duas vezes. De dentro sai uma jovem também asiática com um vestido minúsculo, de no máximo dezoito anos. Ele entrega a ela um maço de notas de cinqüenta. Ela agradece e fecha a porta. Ele caminha até o carro enquanto pensa em qual deveria ser o grau de parentesco entre as duas vadias e no quanto é impossível confiar em alguém.
Maia.
sexta-feira, março 03, 2006
Tudo pelo prazer...
"O desejo é a força que te guiará, a coragem é a única arma capaz de lhe assegurar sucesso, e a satisfação sua meta."
Tudo se justifica pelo prazer, a simples e primária necessidade de sentir prazer, o prazer emana da vontade, e é a sua realização, ou simplesmente o gozo do bem estar. Mentes simples acreditam que o prazer pode ter algum aspecto negativo, sendo viciante e alienante, mas se existir alguém que atingiu tamanho estado de êxtase, esse alguém é um ser evoluído que jamais será compreendido por criaturas covardes, incapazes de seguirem os próprios instintos. Imbecis que se afivelam a tabus e normas, se amontoando em círculos sociais que apenas potencializam seus traumas e insanidades.
Nessas sociedades, a única possibilidade real de iluminação é daqueles que tiveram a sorte de ter suas vontades compatíveis com o senso comum. E esses ainda assim são fracos, pois se submetem as regras feitas por outros para alcançar seus objetivos e então se acomodam, perdendo a gana e a sagacidade necessária pras usufruir plenamente de seus êxitos. A coragem é fundamental aquele que deseja obter tais êxitos. Não se acovardar em vista das pressões exteriores é requisito básico aos que crêem que desse mundo se levarmos algo serão apenas as sensações, alegrias e tristezas, dúvidas e certezas, angústias e satisfações. Entretanto, jamais subestime os bens materiais, não dê a eles mais importância do que eles têm, mas não cometa o erro maior ao subjugá-los. Jamais confie em pessoas, pois até o mais imbecil e previsível dos seres está sujeito a lampejos de razão e de vontade própria.
Portanto, criança, siga sua vontade e não meça esforços para obter aquilo que deseja. Minta e seja verdadeiro. Nunca coloque a vontade de ninguém acima da sua, pois você é seu Deus, e só a você próprio deve adoração e verdade.
Maia
quinta-feira, janeiro 05, 2006
Básico
Após minutos de olhares, ela olhou de volta. Rapidamente, ela voltou o olhar em outra direção. Ele sabia que isso era um sinal negativo, porém rapidamente ela o olhou novamente e de novo desviou o olhar quando foi correspondida.
Uma caminhada rápida e disfarçada em direção a ela, enquanto uma série de abordagens passa por sua cabeça. Mas enquanto ele andava se distraiu e antes que tivesse se decidido já estava de frente para ela e tinha apenas duas frases na cabeça. Uma era "Nossa como o som tá alto....oi..." mas alguém já havia lhe dito que começar uma conversa com uma reclamação é coisa de cabaço então, foi ridículo mas básico.
- Oi como é seu nome!?
Depois de uma cara de espanto inocentemente forçada ela diz algo que o nervosismo e o som alto da música não deixam ele ouvir. Mas tudo bem. Ela sorriu e deve ter dito o nome, pelos lábios é algo entre Carla e Kátia.
- Tá sozinha!? - Tentando parecer calmo, e se concentrando pra controlar o fluxo do sangue no corpo e não passar nenhuma vergonha.
Ela aponta para multidão pulante onde um grupo de garotas finge não olhar em resposta. Ela grita algo sobre serem suas amigas, enquanto isso a mão dele materializa-se junto ao ombro dela. E quando ela volta o olhar, ele vem com o rosto de encontro ao dela e antes que ela pudesse fazer qualquer coisa ele a surpreende com o novo truque que aprendera com algum dos amigos. No último segundo, evita o toque dos lábios põe a boca ao lado do ouvido dela, então perde quase um segundo controlando a tremedeira, fecha e abre os olhos e num esforço sobrehumano tenta se mostrar sereno enquanto fala.
- Eu queria te conhecer melhor, mas aqui o som tá muito alto vamos ali - aponta para uma parede a uns 10 metros, cuidadosamente escolhida antes de se lançar ao ataque.
Ela que depois do susto do quase beijo sorri ao perceber que havia fechado os olhos, faz um sinal de aprovação com a cabeça.
Ele pega sua mão e toma a frente desviando da multidão e criando um corredor por onde a conduz.
Já na parede se encostam de lado. Ele depois de se apresentar, puxa uma conversa sobre a música que está tocando, dizendo que não gosta muito. Ela ri e diz gostar. O mais importante para ele é o sorriso dela, calmo e levemente exagerado, ele diz algo sobre ela ser linda enquanto põe novamente a mão em seu ombro. Ela volta o olhar para ele, então se projeta hesitante em sua direção enquanto sua mão sai do ombro da garota e volta para cintura, seguindo o mandamento que prega "Beije primeiro, alise depois". Então, ele consegue beijá-la.
Um segundo depois num canto da pista de dança um dos amigos dele diz:
- Filho da Puta.
Uma caminhada rápida e disfarçada em direção a ela, enquanto uma série de abordagens passa por sua cabeça. Mas enquanto ele andava se distraiu e antes que tivesse se decidido já estava de frente para ela e tinha apenas duas frases na cabeça. Uma era "Nossa como o som tá alto....oi..." mas alguém já havia lhe dito que começar uma conversa com uma reclamação é coisa de cabaço então, foi ridículo mas básico.
- Oi como é seu nome!?
Depois de uma cara de espanto inocentemente forçada ela diz algo que o nervosismo e o som alto da música não deixam ele ouvir. Mas tudo bem. Ela sorriu e deve ter dito o nome, pelos lábios é algo entre Carla e Kátia.
- Tá sozinha!? - Tentando parecer calmo, e se concentrando pra controlar o fluxo do sangue no corpo e não passar nenhuma vergonha.
Ela aponta para multidão pulante onde um grupo de garotas finge não olhar em resposta. Ela grita algo sobre serem suas amigas, enquanto isso a mão dele materializa-se junto ao ombro dela. E quando ela volta o olhar, ele vem com o rosto de encontro ao dela e antes que ela pudesse fazer qualquer coisa ele a surpreende com o novo truque que aprendera com algum dos amigos. No último segundo, evita o toque dos lábios põe a boca ao lado do ouvido dela, então perde quase um segundo controlando a tremedeira, fecha e abre os olhos e num esforço sobrehumano tenta se mostrar sereno enquanto fala.
- Eu queria te conhecer melhor, mas aqui o som tá muito alto vamos ali - aponta para uma parede a uns 10 metros, cuidadosamente escolhida antes de se lançar ao ataque.
Ela que depois do susto do quase beijo sorri ao perceber que havia fechado os olhos, faz um sinal de aprovação com a cabeça.
Ele pega sua mão e toma a frente desviando da multidão e criando um corredor por onde a conduz.
Já na parede se encostam de lado. Ele depois de se apresentar, puxa uma conversa sobre a música que está tocando, dizendo que não gosta muito. Ela ri e diz gostar. O mais importante para ele é o sorriso dela, calmo e levemente exagerado, ele diz algo sobre ela ser linda enquanto põe novamente a mão em seu ombro. Ela volta o olhar para ele, então se projeta hesitante em sua direção enquanto sua mão sai do ombro da garota e volta para cintura, seguindo o mandamento que prega "Beije primeiro, alise depois". Então, ele consegue beijá-la.
Um segundo depois num canto da pista de dança um dos amigos dele diz:
- Filho da Puta.
Maia.
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