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quarta-feira, dezembro 24, 2008

25/12/2008 02:28 am

Choveu na noite de natal do ano de dois mil e oito, uma fria chuva. Os fogos de artifício já haviam sido disparados, agora retumbavam magníficos os trovões em meio a clarões reveladores de um lindo negro cravejado de gigantescas e belíssimas nuvens.
Nas sarjetas corria abundante a água. A tempestade em alguns momentos parecia cessar, as gotas raleavam, o vento ficava mais calmo entrando pela janela e enchendo os ambientes com o delicioso frescor da noite de chuva.
Mas logo se ouvia outro estrondo, via-se a luz, sentia-se na pele descoberta o giro do vento, era a tempestade voltando a cantar. Seu canto ressoava na imensidão do céu embalando o sono de muitos.
Talvez tenham ocorrido acidentes de transito, é possível também que tenham existido pessoas que por falta de abrigo tremeram de frio nessa noite.
Talvez tenha sido errado ficar tão feliz, mas que posso fazer se foi essa até o momento a maior beleza que vi no ano que já chega ao fim.

sábado, dezembro 20, 2008

A Paixão de Jonathan Siegfried

O homem entra no consultório da já cansada doutora Vanessa, o ultimo paciente havia sido muito desgastante, mais uma esposa traída, se ela tivesse condições suspenderia todas as consultas do dia. Doutora Vanessa no auto de seus trinta e dois anos era uma mulher tranqüila, morena de pele bastante branca tinhas as bochechas levemente rosadas e proeminentes evidenciando certo excesso de peso, nada exagerado. O homem que entrava no consultório era um rapaz de no maximo vinte e sete anos, branco, já com os cabelos começando a ralear no centro da cabeça, barba por fazer, os olhos angustiados denunciavam que esse era mais um caso serio, a doutora gostava de atender os novos casos as segundas pela manhã, para poder se dedicar ao maximo a cada cliente, mas esse rapaz, Jonathan Siegfried, havia sido indicado por um antigo paciente, e parecia ter bastante pressa.

- Boa Tarde Senhor Jonathan, pode se sentar nesta cadeira ou na poltrona reclinável se o senhor preferir.

- Acho que vou sentar na poltrona reclinável pra completar o clichê doutora - Disse o rapaz sentando-se desajeitadamente na poltrona.
A doutora riu mecanicamente, era a segunda vez na mesma semana que alguém fazia essa piada.

- Muito bem Jonathan, posso te chamar assim? - o rapaz consentiu com um gesto de cabeça - Já dei uma olhada no questionário que você preencheu na recepção, gostaria de saber o que te traz aqui hoje?

- Nossa Doutora direto assim na bucha! - Jonathan esperava uma resposta que não veio da doutora - Bom... Eu tenho um problema com as mulheres... Ou melhor, na maneira como eu me relaciono com elas.

- Que problema Jonathan? - A doutora se recostou na cadeira, oitenta por cento dos rapazes dessa idade que iam ao consultório começava o discurso dessa forma, nesse momento ela sentiu-se terrivelmente cansada.

- Comecei a reparar a uns doze anos doutora, eu sempre simpatizei demais com as garotas, sabe... Na escola sempre tinha uma rodinha de caras falando de alguma garota, que ela era vaca, gostosa ou feia... Lógico que por instinto de sobrevivência eu dava umas risadas e até arriscava umas opiniões, mas eu sempre achei isso horrível demais, não me entenda mal doutora eu não sou viado.. Perdão, homossexual, nem nada mas dês dessa época eu reparava que a minha consideração pelas mulheres era incomum... - Vanessa notou mais um lugar comum no discurso do rapaz, a preocupação explicita em não parecer gay, na faculdade ela havia tido um professor que por brincadeira havia formulado um teorema baseado em sistema de atribuição de pontos que indicava o quão gay cada paciente era, essa frase já garantia 12 pontos de um total de 69 para ser considerado uma bichona safada.

- E você tinha namoradas na escola Jonathan? - Ela já sabia a resposta.

- Bom, veja bem namorada mesmo não - nesse momento Jonathan fez uma pausa inspirou profundamente e disse - Quem eu to querendo enganar, lógico que não! Olha pra mim, eu não tive namoradas no colegial nem na faculdade nem agora, a ultima mulher que me beijou na boca tinha seis anos e me pediu um balão de parque em troca! Tirando isso eu só catei coitadas até hoje - A sinceridade de Jonathan assustou Vanessa, A maioria dos pacientes demorava umas três sessões para ter aquilo que ela chamava "Momento Over" que era quando o desgraçado ou a desgraçada caia em prantos e contava que quase todas as mentiras ridículas que eles haviam contado e que ela já sabia que eram mentiras ridículas eram na verdade mentiras ridículas.

- Calma Jonathan, muito positiva a forma como você foi sincero agora! É esse então o seu problema com as mulheres? O que você quis dizer com coitadas? - Jonathan passou a mão nos olhos enxugando as lagrimas enquanto ria nervosamente da sua situação.

- Não tava querendo dizer putas e vagabundas interesseiras pra senhora doutora, e esse não é o meu problema, pelo menos não o que me trousse aqui hoje - Agora Vanessa estava surpresa, se isso não era um problema o que poderia ser?

- Qual é o problema então Jonathan - Dessa vez o rapaz deveria abordar o problema diretamente, se ele fizesse outro retorno ao passado não seria um bom sinal, pois ele estava se mostrando tremendamente disposto a encarar o problema, e se mostrasse mais uma vez receio em abordar a causa raiz da visita então o problema deveria ser um monstro, do tipo "Eu me masturbo cheirando as calcinhas da minha irmã", "Eu sinto atração sexual por crianças", "Eu me masturbava cheirando as calcinhas da minha avó e sinto falta disso", "Eu estuprei alguém!" ou algo do tipo "Eu me masturbo cheirando as calcinhas da minha irmã, sinto atração sexual por crianças também me masturbava cheirando as calcinhas da minha avó, alias sinto muita falta disso e estuprei alguém ontem". Por tanto esse era um momento de muita tensão.

- Eu amo todas as mulheres do mundo doutora - Doutora Vanessa suspirou discreta e aliviada e deixou escapar um sorriso ao perceber que o paciente havia corado e tampado os olhos enquanto contava.

- Como assim ama?

- Tipo... Eu fico lembrando delas, suspirando, beijando o ar enquanto lembro do rosto delas, chorando quando ouço musica do Fabio Junior... Tipo isso!

- Mas de que mulheres você esta falando?

- Da caixa loira do Banco do Brasil da avenida presidente Vargas, da guarda que também trabalha lá, da moça mulata que vende passes de ônibus e tem um olhar tão doce, da sua secretaria que mesmo sendo gordinha foi tão educada comigo.... E isso só pra falar das ultimas duas horas de hoje! - Foi um tremendo esforço para

Vanessa se manter seria nesse ponto, a maneira seca e indignada do paciente era digna dos melhores shows de comédia, a única coisa que a ajudava a se manter impassível era perceber a dor do rapaz.

- Calma Jonathan, vamos por partes, Por que você acha que ama essas mulheres?

- Puxa vida doutora, quando eu vejo elas meu coração quase estoura no peito, eu transpiro, sinto vontade de abraçar, esfregar meu rosto no rosto delas, de fazer carinho sei lá - O rapaz fez uma pausa, e quando a doutora ia emendar mais uma pergunta tentando detalhar a situação ele continuou.

- Teve uma vez, em que eu estava no Ônibus do trabalho, que por sinal tem umas três moças pelas quais eu sou vidrado dai entrou essa garota, ela devia ter no maximo uns 19 anos, cabelos loiros platinados, uma calça de cintura baixa e uma camisa do palmeiras bastante apertada, um corpo escultural, um rosto meio parvo mas que parecia bondoso, ela estava usando um desses perfumes que tem um cheiro doce bastante forte, daqueles que fazem o ônibus parecer uma festa hippie com incenso vagabundo. Eu juro pra você doutora eu lembro do cheiro dessa mulher toda vez que entro em uma perfumaria, até já comprei uns perfumes tentando achar o cheiro dela! E isso já faz seis anos!

A doutora Vanessa fez uma pausa de cinco segundos antes de retomar a conversa, queria ter certeza que o paciente não tinha mais nada a dizer, enquanto isso o rapaz passava a mão nervosamente nos cabelos.

- Você falou do corpo da garota Jonathan, queria saber se esse amor se reflete também em desejo sexual?

- Porra! Desculpa. Pra cassete doutora! Essa palmeirense tinha um par de peitos insandecedores, uma boca que era um pecado, outro dia eu consegui a façanha de babar olhando pro decote de uma amiga da minha mãe de quarenta e oito anos que eu sempre chamei de tia Berenice, que por sinal deve ser a mulher que mais foi "homenageada" por um mesmo rapaz em toda a história da masturbação humana!

- E quando você esta com essas "coitadas" que você disse Jonathan, você se lembra dessas mulheres que você ama? Como você se sente em relação a essas coitadas?

- Lógico que eu lembro doutora, mas eu não faço isso sempre não acho que em toda minha vida fiz isso no maximo umas quatorze vezes... Eu não gosto dessas mulheres justamente por que elas parecem muito sujas sei lá... Sei que é uma tremenda calhordisse dizer isso, mas é como se elas nem fossem gente. - Com certeza era uma tremenda calhordisse dizer isso.

- Você nunca falou sobre isso com ninguém Jonathan?

- Nunca doutora, eu tenho poucos amigos, a maioria é no trabalho lá eu devo ser visto como uma pessoa normal, e você sabe como é trabalho, deu dezoito horas todo mundo vai pro seu canto.

Vanessa deu uma olhada na ficha de Jonathan.

- Estou vendo aqui que você é editor de fotografia e trabalha em uma editora, Ninguém no seu trabalho nunca te perguntou sobre seus relacionamentos?

- Não entendi essa pergunta doutora, sei lá... Se brincar esse povo acha que eu sou gay.

- Isso te incomoda?

- Claro!

Nesse momento Vanessa percebeu que só tinha mais dez minutos de sessão, era importante ser rigorosa com horários, principalmente nos primeiros dias.

- Bom Jonathan nossas sessões iniciais tem cinqüenta minutos, e só restam alguns minutos, gostaria nas próximas sessões de conversar mais sobre a sua infância, e sobre a forma como você enxerga as outras pessoas para a gente conversar na semana que vem gostaria também que você fizesse duas listas pra mim, sei que parece besteira, mas gostaria que você fosse muito sincero, quero uma lista com os motivos que uma garota teria para te "Amar" e os motivos para não te "Amar".

- Tipo prós e contras doutora? - perguntou Jonathan em meio a um riso nervoso.

- Isso! E é bastante cedo pra que eu de qualquer opinião, mas gostaria que você refletisse se o que você sente não é só desejo sexual e frustração pela sua timidez.

- Frustração beleza doutora, mas não é só desejo! Pelo amor de Deus eu pularia na frente se alguém atirasse na senhora! - Já era esperado por Vanessa que isso fosse acontecer, só não achava que o paciente fosse se declarar pra ela depois de quarenta e cinco minutos de sessão.

- Talvez você deva considerar encarar a intensidade desse sentimento então Jonathan, pense em como essas mulheres reagiriam a uma declaração sua.
E antes que Jonathan pudesse argumentar ela disse de levantando e estendendo a mão.

- Espero te ver na quarta no mesmo horário, tudo bem?

Jonathan a cumprimentou e saiu da sala praticamente em silencio.
Vanessa pegou o telefone, discou o ramal da sua secretaria.

- Iracema, espere esse paciente sair e já pode ir, eu vou ficar um pouco mais hoje, preciso escrever algumas coisas... Boa noite pra você também.

Vanessa ligou o notebook, tirou o cinto, soltou os cabelos sentou-se na cabeceira da mesa discou um numero no celular.

- Alo... Mãe... Vou chegar mais tarde hoje, não precisa me esperar pra comer, alguém ligou pra mim? Tudo bem obrigado, beijo.

Vanessa abriu o frigobar e retirou uma lata de coca, sentou-se na frente do computador e abriu o programa de poker online.

Maia

PS:
(Desculpe eventuais erros de portugues! Perdido vc pode revisar pra mim?? Vlws)

domingo, novembro 16, 2008

A Segunda Pior História Já Contada (Especial de natal)

Jonas era um garoto feliz apesar da pobreza de sua família, tinha costumes comuns de um garoto de sua idade.
Mesmo com a proximidade do natal, Jonas sabia que não receberia presente algum, o ritual de sua familia incluia assistir todos os especiais de televisão, um jantar à meia noite com frango assado e a distribuição de alguns doces feita por seu avô. Mesmo sem presentes, Jonas aguardava ansioso por essa data onde as pessoas ficavam segundo ele "Mais engraçadas!".
Porém, o natal daquele ano foi especial para Jonas, graças a uma melhoria na condição financeira da família, o pai de Jonas conseguiu comprar uma bola para o filho. Esse simples presente, de vinte cinco reais fez daquele dia, o dia mais feliz de toda a vida do garoto!
No dia seguinte, Jonas foi com um grupo de garotos da vizinhança estreiar a bola logo cedo, não eram nem oito horas da manhã quando o grupo de moleques despontou na esquina vislumbrando o campo de areia vazio. Começaram a correr em sua direção.
Manuel caminhoneiro experiente, evangélico, pai de duas filhas lindas de vinte e quinze anos, dormiu naquela noite na casa da viúva de um antigo companheiro seu. A relação dos dois havia começado quando após a morte de Mariano, amigo de Manuel, o caminhoneiro solidário a esposa grávida de Mariano, começou a lhe fazer visitas regulares.
Ainda que casado e feliz, Manuel naturalmente viu a piedade se transformando em saudade e naturalmente a saudade virou vontade. Naquela manhã, Manuel que havia chegado na cidade na noite anterior teve de levantar às pressas após receber uma ligação de sua esposa que estava muito desconfiada por ter recebido uma ligação do empregador de Manuel. Este, havia colocado um dispositivo de monitoramento na carga e tinha ligado perguntando pelo esposo da mulher, uma vez que ele estava na cidade.
Saindo de uma vez da garagem Manuel que tinha 30 anos de experiência passou por cima do grupo de garotos, um perdeu a perna, Jonas teve a cabeça esmagada, mas mesmo assim seu corpo ainda segurava firmemente a bola, em meio à espasmos.

Feliz Natal.

Maia.

domingo, outubro 19, 2008

Aquele que eu escrevi no meio da monografia

Andando em mais uma noite fria só consigo pensar em quanto tempo gastei catalogando selos, aqueles papeizinhos grudentos eram minha paixão quando tinha onze anos, uma besteira de moleque criado pelos avós.
Como uma lembrança tão distante da minha realidade atual pode me incomodar tanto assim? Era uma besteira incentivada pelos velhos, coisa de criança que quer agradar, meu avô era sócio de algum grupo de filatelia e para a velharada, eu era uma espécie de mascote, ridículo eu sei, mas na época isso me dava tanto prazer, eu era um garoto inteligente segundo eles, acredito que diziam isso porque ao contrário da maioria dos netos que riam dessa besteira, eu adorava aquela porcaria tanto quanto eles, então quando me chamavam de "inteligente" por conta disso era uma forma de lamberem os próprios sacos.
Enquanto caminho soturnamente pela parte de trás de um clube de vadias amputadas indo "fazer" um cafetão maldito, vejo a minha imagem refletida em uma poça de imundície, um metro e noventa e cinco, uma montanha negra de músculos, careca e com a cara cheia de cicatrizes - e uma herpes mal curada nos lábios.
Eu suspiro e penso no Dom Pedro Segundo estampando o selo que era o meu preferido, lembro da minha avó preparando um sanduíche de mortadela tanto calor, tanto amor. Penso no jovem colombiano que matei na semana passada por ter chamado a filha gostosa e vadia do meu chefe de "Puta", isso depois da putinha ter dado um tapa na irmã mais nova do garoto só por que a colombianinha teria chamado a atenção de um namorado dela. Antes matar um merda deste não me dava nem coceira, mas estou ficando muito mole, não tiro aqueles olhos puxado da minha memória, no momento em que quebrei o maxilar daquele garoto eu era a mais perfeita imagem da injustiça.
Abro a porta. Minha fama ajuda um pouco. Dos quatro vigias, três correm para os fundos, só sobra um garoto ruivo e magrelo. Ele me encara, xinga minha mãe e me da um soco. Enquanto caminho para a segunda porta o corpo do garoto cai com o pescoço torcido e nariz apontando para as costas, mais um idiota que eu tenho de matar pra me manter boiando nessa latrina imunda na qual vivo.
Abro a porta, vejo uma garota de lábio leporino chupando o desgraçado, ele está de costas para porta, deve achar que sou um dos capangas, me manda falar logo o que eu quero. Fico quieto. Ele se vira, me olha e levanta apressado falando palavras desnecessárias. A vadia passa por mim encolhida, ligeira e curiosa como uma ratazana fugindo da inundação, por um instante olho no fundo dos seus olhos e imagino o que aquela garota, irmã do colombiano vai ter de fazer pra sustentar a família, linda daquele jeito.
O desgraçado no fundo da sala não para de falar, o problema é que fui pago pra machucar muito, antes de matar, não fosse por isso ele já estaria cheirando a própria bunda. Começo a bater, depois dos primeiros socos ele já não fala mais nada, continuo batendo quando vejo em cima da sua mesa uma coisa que me chama atenção. Nesses tempos de computadores e internet o maldito estava escrevendo uma carta, e ao lado da folha vejo dois selos ainda não usados, em ambos à mesma estampa um Ipê Cor de Rosa.
Deixo-o no chão. Leio a carta, está em espanhol, não é muito fácil entender. Ele conta para a irmã que é um empresário de sucesso no Brasil, pergunta dos sobrinhos e diz que quer visitá-los em breve. Olho para o chão, vejo um homem que ganha a vida vendendo bocetas de garotas amputadas, na carta só vejo um irmão preocupado, enviando dinheiro para cuidar dos sobrinhos. Fecho a carta ponho o selo, antes de sair dou lhe um pisão no pescoço, são cinco horas da manhã e eu não sei a que horas o correio abre.


Maia.

sábado, agosto 16, 2008

A Pior História Já Contada

Eram treze horas da tarde. A metrópole pulsava. Pessoas caminhavam apressadas em todas as direções, aos pés de uma grande escadaria, um prédio público ou uma universidade talvez, não me recordo bem, surge então trôpego um homem vestido de camisa regata branca e uma calça moletom azul, calçando alpargatas amarelas já um tanto gastas pelo uso. Sua forma descordenada de andar não parecia ser motivada por embriaguez, mas sim cansaço. Por não andar tão rapidamente quanto os outros indivíduos, o congestionamento de corpos ao seu redor se intensificava. Parecendo sentir-se incomodado pela multidão ao seu redor ele parou, esticou a coluna, pôs as mãos na cintura e olhando o mar de gente ao redor, inspirou profundamente e gritou:

- Eu não pretendo dar nenhuma lição de moral pras vocês seus filhos da puta!

Uma senhora já de idade avançada que vinha passando ao seu lado o repreende:

- Que coisa terrível, o senhor é muito grosseiro!

- Ora, cale a boca sua velha puta que eu estou a ofender os viados e as biscates dos seus filhos.

... E foi só isso.

- Como assim?

- É cara, que merda de história foi essa?

- Triste né? Eu também pensei que ele iria fazer algo surpreendente, no final acho que me enganei, ele devia estar bêbado mesmo ou ter algum transtorno psicológico, sei lá...

- Mas ele chamou a velha de puta mesmo?

- Chamou!

- Cretino!

- É esse mundo é uma decepção.




Santos

domingo, julho 27, 2008

Blaise Pascal-Romanov

Os terríveis dias comuns
As previsíveis decepções.
A angustiante sensação de perseguição.
Sei que ela é falsa
Mesmo sendo verdadeira,
sei o que eles falam de mim,
sei que não deveria me importar,
confiei e me arrependi.

Ora, mas não será, esse,
uns dos fatos mais comuns da vida?
Devo me levantar então!
Toda a imbecilidade já está feita,
o que foi perdido se perdeu
a dor e a revolta não findarão
minha mente nada esquece.

Não, por favor.
Não me tome por presunçoso!
Se falo uma de minhas qualidades, saiba que tenho
para cada uma delas, um cem vezes de defeitos
Exemplo, à covardia na ansiedade tristemente preguiçosa.

Levanto-me hoje então!
O cano frio no ouvido
a batida vazia de explosão.
Lágrimas, riso.
Lancei-me nas mãos da sorte!
Uma chance em cinco para o fim de tudo
mas enfim a sorte!
Mas o jogo é perigoso da próxima vez serão duas em cinco
assim então, até que sejam cinco em cinco.
E seja óbvio o resultado,
rogo então ao nada, para que a próxima não exista,
imbuído da imbecilidade dos que querem crer,
peço ao vácuo sagrado e inexistente uma boa sorte.

Maia.

sábado, abril 05, 2008

Deitado no chão

Todos os músculos estão relaxados, a cara colada no chão sujo e gelado como qualquer outro chão, respiração difícil por conta da pressão do piso em seu peito, a delícia da falta de peso, a calma do não esforço, a beleza do jaz.
Antes apenas os pés doíam. Agora pés, joelhos, coxas, pélvis, barriga, queixo, testa. Peso dividido, não há dor, relaxamento.
A queda foi suave, não suportava mais o peso de tudo que o cercava, olhou para baixo, a cerâmica fria, a facilidade do conforto.
Deitado no chão o mundo é frio, nada é tão bom, mas nada é tão ruim. Deitado no chão ele vê que todo o esforço, todo o estudo, todo o trabalho, permanecer em pé, caminhando sempre em frente para nunca cair. Mas agora no chão, tão confortável, tão calmo, será que ele conseguirá se levantar? Por que se levantar? Será que não deveríamos todos nos deitar?

Maia.

segunda-feira, março 03, 2008

(LIXO) - Minha Quase Preta

No meu quarto tem uma parede preta, um dos meus parcos sonhos finalmente realizado, uma parede negra! Três paredes brancas e então a preta.

- Preta por quê?
- Porque eu quero uma parede preta porra.

- Preta deixa o quarto muito quente!
- Eu ponho um ventilador então.

- Preta trás energias pesadas!
- ... Sério?

- Preta vai manchar! - Isso é verdade...

Não posso ter uma parede preta, por mais que eu a queira tem umas manchas brancas minúsculas, pedreiros insensíveis e desgraçados, uns incontáveis e quase microscópicos casulos de insetos, e umas infinitas e irritantes manchas de passadas de mão.

Um sonho tão pequeno e simples... Uma parede preta, não o quarto todo, não... ah não... Eu sei o meu lugar, sei que não posso pedir tanto, só uma paredinha, uma parede preta.

Nem isso dá certo!!
Vou comprar uma lata de tinta preta, e todo dia quando chegar do trabalho retoco as falhas.

É... Acho que o cheiro de tíner vai me fazer bem.

Maia.

Voltando ^^


Quero voltar a escrever, por isso vou firmar o pé e toda semana (pelo menos) vou colocar uma coisa nova aqui!


Como vai ser uma coisa forçada (99% das vezes) eu vou colocar a palavra "LIXO" no título dos post's que forem só pra cumprir tabela......
Continuo contando com a ajuda de todos vocês (Diego...e sei lá se mais alguém lê isso ainda) com as correções de português.



Grato.


Maia.
 

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